quarta-feira, 11 de abril de 2012

Conto de Outono

Oi gente,


Andei fora do ar por um longo tempo. Tenho essa necessidades ás vezes de parar tudo para reconstruir o caminho. Vivemos em tempos "velozes e furiosos" e eu ainda não me acostumei a essa enxurrada de informações que vez por outra invade a minha vida. Então me recolho. Recolhimento tem tudo a ver com Outono, entrar na casquinha e depois voltar na primavera como flor rs.

Isso não quer dizer que eu não ame estar conectada com tudo e todos...e que não sinta necessidade de dividir o meu mundo com vocês, mas a gente vai se comunicando por outras vias.

Então aqui vai um texto novinho em folha, espero que gostem.


Conto de Outono
Acordei subitamente, era uma manhã de Outono diferente das outras. O Sol estava firme como se fosse Verão. No quarto alguns livros espalhados pelo chão, uma xícara de café da noite passada –que exalava um cheiro forte- e trazia uma sensação de passado. Sim, o passado tão próximo me moveu até esta cena...

***

Como de costume fui comprar o jornal logo cedo, caminhar um pouco á beira mar e olhar no caderno dois as exposições de arte que estavam nos museus da cidade. Uma particularmente me chamou a atenção, pois o tema era: A Paixão.

Depois de um dia exaustivo de trabalho peguei um trem até a estação do centro da cidade próxima ao Museu de Arte Moderna onde estava acontecendo a exposição.  A sala principal estava cheia de pessoas admiradoras de arte e curiosos.

Dispus-me a observar as fotos como quem saboreia um bom vinho. E enquanto ouvia In Relief do John Frusciante em meu inseparável MP4 ele apareceu. Parecia tímido meio desconfiado e observador. Olhamo-nos por uma fração de segundos que pareceu uma vida inteira. O suficiente para ficar completamente inerte e derrubar o meu catalogo no chão me sentindo uma completa idiota.

Senti sua mão sobre a minha enquanto eu tentava pegar o livro ainda no chão. Tudo o que consegui enxergar depois disso foi o seu sorriso iluminando o meu rosto como um farol em uma ilha perdida no meio do Oceano. Uma luz estonteante... E tudo o que me restou foi agradecer a gentileza.

Fui caminhando em direção a saída do Museu o mais rápido que pude, com aquele homem na cabeça e a imagem do seu sorriso indo e vindo como ondas que quebram nas pedras produzindo aquele som ao mesmo tempo turbulento e pacificador.

Porém os meus passos rápidos combinavam tanto com os seus que eu mal conseguia perceber que ele se aproximava cada vez mais rápido de mim. Senti sua mão pesar sobre o meu ombro me fazendo parar.

Estávamos sozinhos em um caminho de plantas e pedras rústicas. Um cheiro suave de mar se misturava com o da sua respiração que entrava lentamente em minhas narinas. O seu corpo se aproximava do meu como em uma dança e as coisas ao redor pareciam prestar atenção e torcer para que a nossa vontade de ter uma ao outro nos braços fosse realizada imediatamente.

Fui envolvida por um abraço apertado e de olhos fechados aproximei os meus lábios dos seus. O vento soprava e ele me trazia para perto do seu peito. Sentia com o meu corpo, cada parte do seu corpo.

O desejo crescia a cada segundo, assim como a vontade de sentir tudo o que fosse possível entre nós naquele momento...  Mas, infelizmente acordei. Pois era apenas uma manhã de Outono perdida em meus pensamentos!

*continua...