Postei minha felicidade no facebook com todas as minhas caras e bocas em fotos tiradas por mim na frente do espelho sozinho no banheiro
Porque eu sempre sei o meu melhor angulo...e só os meus olhos conseguem ver o que em mim há de melhor...
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Expus os meus filmes favoritos que são os filmes favoritos de milhões de pessoas como eu, e nesse momento descobri o quanto sou igual a todo mundo, uma pena...já não sou tão único
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E a minha noitada foi a melhor de todas, porque as minhas noites sempre serão especiais
E do meu aparelho celular de 2 chips sairão declarações e dores reveladas por mim e pelos meus amigos
Os mesmos que me mandam mensagens através de suas listas de distribuição, e mesmo assim me sinto feliz por ter sido lembrado com uma mensagem massificada porque eu também tenho preguiça de escrever algo tão exclusivo para uma única pessoa
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Na vitrine da minha face brotam fotos e fatos e a minha vida de tão pública segue cheia de dores e gozos banalizados
Ah essa eterna vontade de ser, mesmo que eu não seja
De amar mesmo que eu não ame
De ser feliz mesmo que a felicidade me pareça muito distante
Sou um ser virtual, acessado por todos e por ninguém
Sou o palco do meu vir a ser tão perseguido por posts e comentários
Sou e não sou nessa zona fria criada para fazer de conta que a vida é quente
Mas eu sou feliz...e hoje em dia quem não é?
Com tantas amigos, viagens e sonhos que interessam a todos e a ninguém
Este sou eu, um subproduto, um clichê de mim mesmo
Alguém que precisa ser visto nesse mar frio e gélido da web... onde a vida mais parece uma novela das oito que se repete e repete...porém não canso de ver
Onde enceno papeis e sou encenado
Onde amo e talvez nunca seja amado
Clichê!